Resumo Pensado para subsidiar uma conferência que, por incompatibilidade entre a data do evento e a minha agenda, não foi realizada, este ensaio discute o envelhecimento do trabalhador na sociedade capitalista, sob o neoliberalismo. É um chamamento à unificação da classe trabalhadora, tendo em vista desvelar a trama capitalista, para que, juntos, trabalhadores manuais e intelectuais se reconheçam capazes de romper com os valores burgueses e de pensar criticamente numa sociedade que não subestime a nossa humanidade.
Este artigo analisa a contradição capital/trabalho ou produção/apropriação na sociedade capitalista, sob o neoliberalismo, aqui referida à pequena empresa, lócus do empreendedorismo. Forma privilegiada no capitalismo atual, o empreendedorismo tem sido amplamente incentivado, principalmente a partir dos anos 1990, estando, portanto, no interior da crise do capital, que começa nos anos 1970 e, agravada, persiste até hoje. Com ênfase nas chances de autonomia e independência, o discurso em defesa do empreendedorismo conduz o trabalhador a crer que pode ser sócio do capital. Mas, dada a impossibilidade ontológica de diferentes sistemas econômicos conviverem independente e harmoniosamente, questiona-se a real motivação do incentivo à pequena empresa em tempos de concentração e centralização do capital. Sem deixar de reconhecer as determinações capitalistas sobre as relações fordistas, ressalta-se o aprofundamento da exploração do trabalho no período toyotista, facilitada pela reestruturação do capital, cujas políticas tornam o mercado muito mais agressivo. Nesse contexto, advoga-se a hipótese de que o empreendedorismo, em lugar de atribuir liberdade, escraviza, uma vez que o capital se apropria de todo o tempo do sujeito empreendedor. Essa relação, que se entende como uma das principais formas pelas quais a contradição capitalista se move no atual momento histórico, obriga os trabalhadores a se confrontarem diretamente com o mercado, pelo que são canceladas a proteção social e a possibilidade da luta de classes. A análise das condições objetivas da inserção do empreendedor na economia leva à conclusão de que o mercado é o pior dos patrões.Palavras-Chave: empreendedorismo; capitalismo; trabalho; contradição; mercado. Abstract – This article analyzes the capital/labor or production/appropriation contradiction in capitalist society under neoliberalism, related here to small businesses, the locus of entrepreneurship. A privileged form in present-day capitalism, entrepreneurship has been widely encouraged, especially since the 1990s, and is therefore within the crisis of capital, which begins in the 1970s and, aggravated, persists to this day. With emphasis on the chances of autonomy and independence, the defense of entrepreneurship leads the worker to believe that he can be a partner of capital. But, given the ontological impossibility of different economic systems to live independently and harmoniously, the real motivation of the incentive to small business in times of concentration and centralization of capital is questioned. While recognizing the capitalist determinations in Fordist relations, it is stressed the deepening of labor exploitation in the Toyotist period, facilitated by the restructuring of capital, whose policies make the market much more aggressive. In this context, the hypothesis is that entrepreneurship, instead of granting freedom, enslaves, since capital appropriates all the time of the entrepreneur. This relation, which is understood as one of the main ways in which the capitalist contradiction operates in the current historical moment, obliges the workers to confront directly the market, and is the reason why social protection and the possibility of class struggle are canceled. The analysis of the objective conditions of the insertion of the entrepreneur in the economy leads to the conclusion that the market is the worst of bosses.Keywords: entrepreneurship; capitalism; labor; contradiction; market.
O artigo analisa as relações de produção na agroindústria canavieira, apontando o salário por peça como um mecanismo utilizado pelo capital para intensificar a capacidade produtiva dos trabalhadores e aumentar a exploração. Objetiva-se demonstrar que essa modalidade de salário, que se ajusta à acumulação flexível, longe de garantir a autonomia e a liberdade prometidas, reduz o tempo de trabalho socialmente necessário, portanto, também, o valor da força de trabalho. No desenvolvimento dessa análise, as autoras lançam mão de categorias econômicas marxistas, para tornar claro que malgrado os propósitos que consubstanciam as leis de proteção ao trabalho, estas não resistem às determinações do capital. Pretende-se, portanto, evidenciar a incompletude da política frente à totalidade da questão social.